1 de junho de 2011

Deficitário país de valores

Há uns tempos de não teço aqui comentários. Aliás, há muito que apenas dirijo o pensamento para as pessoas que me são mais próximas. Por isto, a semana passada perguntei-me: por que será que isto acontece? Andei estes dias a tentar arranjar resposta. Acontece que não cheguei a uma razão concludente. Várias surgiram no pensamento. O bombardeamento da necessária (?) ajuda do FMI, as notícias sobre um escândalo de um tipo da Escola de Chicago (à imagem de Friedman) que tentou tirar de esforço algo íntimo de uma fulana (há semanas atrás alguém sabia quem era este senhor? Será ele assim tão democraticamente importante para abrir telejornais e encher páginas?) , a fatídica crise (de valores, certamente) e ainda o casamento de um inglês com uma ex-amiga de turma…

Tantos temas que juntamente com outros não fazem a razão de voltar aqui. Mas como a consciência já começava a pesar, apenas quero deixar duas reflexões: a pré-campanha para as Legislativas e os feitos históricos do grande FC Porto.

Sobre a primeira situação, espero que os dias que faltam para 5 de Junho sejam de esclarecimento, de discussão de pontos de vista, de aprofundamento de modos de vida colectivos que levam ao bem-estar individual. Certamente que há culpados pela situação a que chegamos. Mas não menos certo é que os erros há muito se atropelam; não começaram há um par de anos. E não são os tropeções burgueses de três décadas de liberdade que fazem apagar a memória de um respeitável povo ocidental da Europa. É tempo de convocar todos os cidadãos a expressarem nas urnas o que lhes vai na mente. Convencer quem nunca votou, falar com quem vive de preconceitos, fazer observar que o nome das siglas pouco representam para a razão a que se lhes assiste. Lutar contra esta crise de valores, de ganância, de profissionalismo político, da busca desenfreada pelo poder, do desrespeito pelo ser humano em nome do crescimento económico. Quando a política se coloca de joelhos perante esta “neo-economia”, então algo vai muito mal nesta sociedade, pois não há segurança que segure a desejada flexibilidade. Nem que seja em branco, vote! É que a utopia do nosso sonho, felizmente, ainda ninguém conseguiu dar-lhe uma valor monetário para cobrar créditos financeiros.

Por fim, o grande FC Porto! Será este o maior exemplo de como se constrói algo de positivo? Talvez. Um clube que tão bem representa uma região. Um emblema de paixão, de feitos colectivos, que tem como base uma liderança com as mesmas três décadas que atrás abordei. Um FC Porto que vence títulos, que destrói corporativismos. Um FC Porto que se impõe em termos nacionais e a partir de uma das regiões mais pobres da Europa. Que não se rebaixa ao centralismo (um bem haja ao nosso querido Eça) que atrofia este país. Um FC Porto que se ergue e chega ao topo do Mundo. Um FC Porto que cria escola e que já serve de exemplo a outros congéneres do Noroeste Peninsular (parabéns Sporting de Braga). Um FC Porto que faz com que milhares de cidadãos se esqueçam dos problemas que diariamente se debatem para conseguir colocar os bens básicos necessários à sobrevivência dentro de casa e ao dispor da família. Por tudo isto, e porque muitas mais palavras teriam de ser tidas em conta para descrever esta colectividade que não pára de ser um caso de estudo, apenas termino convidando-o a sonhar (é gratuito!) perante esta frase: que enorme FC Porto para tamanho deficitário país de valores…

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