19 de fevereiro de 2009

O “Vilão de Lisboa”

Há assuntos que andam congelados na gaveta, cujo teor nos apetece dissecar, mas onde a temporalidade obriga a um certo rigor. Por diversas vezes ponderei debruçar-me sobre ele. Contudo, tinha a certeza que mais episódios do género se iam repetir; e por que não aproveitar a melhor altura. Não sei se é esta a ideal. Mas porque estou a ficar sem pachorra, aqui vai o sulfato.
Rui Costa. Menino querido na Luz; razoável carreira como atleta; excelente médio; decisivo em muitos desafios. Ex-capitão; número 10; um maestro. Um exemplo competitivo.
Rui Costa. Menino mimado. Que cria grupos e inimizades. Moralista. De mau feitio. Timoneiro, protagonista e o centro das atenções na ponte entre companheiros e direcção. Um mau modelo.
Confesso que pasmei quando me contaram certas situações em torno desta personalidade. Via-a como diplomata e custei acreditar. A imagem passada para o público, no qual me incluo, era diferente.
Todavia, agora na pele de dirigente, muito do que me chegou aos ouvidos confirma-se.
Assim, vamos a factos:
. Há duas temporadas, ainda como jogador, o então número 10 do Benfica pegou-se com Jesualdo Ferreira no túnel do Dragão - desentendimento este trazido à estampa pelo jornal O Jogo;
. Acusações dirigidas a Lucílio Baptista, concluídos os 90 minutos, na partida do Bessa do ano transacto, que para o ainda atleta serviram para dar um murro na porta do balneário do juiz de Lisboa, desculpe, de Setúbal;
. Esta época, já como dirigente, troca de palavras mas acesas com responsáveis do Marítimo, na Luz e no final do jogo;
. Impropérios emitidos à equipa de arbitragem, também este ano, finda a recepção ao Vitória de Setúbal, que originou num convite para ser ouvido na Comissão Disciplinar da Liga
. Permuta de galhardetes com um jornalista, no final do jogo de Atenas (Valdemar Duarte – amigo de José Veiga), depois de o Benfica ter sido goleado (5-1) pelo Olympiakos;
. Deselegância para com pessoas ligadas ao Leixões, ainda esta temporada, no regresso às cabines e no rescaldo de um empate;
. Por último, este domingo, visto a pressionar os árbitros no túnel da Luz, durante o intervalo da recepção ao Paços de Ferreira, quando o resultado ainda marcava um nulo.

Tudo isto aconteceu em apenas três anos, desde que Rui Costa decidiu abandar o título de emigrante para regressar à pátria. O “príncipe de Florença” e “rei de Milão”, bem pode agora assumir o papel de “vilão de Lisboa”!

De uma coisa não tenho dúvida: pressões existiram, existem e sempre existirão (infelizmente) em todos os clubes. Eu próprio, enquanto jornalista, também já me senti pressionado, para não dizer ameaçado. Mas uma coisa é certa: sabia sempre de onde podiam surgir tensões e preparava-me para isto. Mais preocupado fico quando elas nos passam pela frente vindas de onde menos se espera.
Por isso, e pela vertente humana que me toca, concluo: mais vale alguém ter mau carácter, mostrar-se como tal e assim ser avaliado, do que se esconder, exibir-se como ser alguém que não é e ter o dom de nos conseguir enganar.

Sem comentários:

Sign by Danasoft - Myspace Layouts and Signs